sábado, 19 de julho de 2008

Hermitage já não quer ter um pólo permanente em Portugal

Afinal, o Museu Hermitage de São Petersburgo não está interessado em ter um pólo permanente de exposição em Lisboa, disse anteontem ao PÚBLICO o director da emblemática instituição russa, Mikhail Piotrovski. Depois de um investimento nacional de mais de 1,5 milhões de euros, no ano passado, na exposição-teste para o lançamento desse pólo, com inauguração prevista para 2010, Piotrovski, que está à frente do Hermitage desde 1992, faz um balanço negativo da colaboração com Portugal."
"Percebemos que Portugal não tem dinheiro para este tipo de exposição", disse Piotrovski em breve conversa telefónica, sublinhando ainda: "Tivemos problemas de organização que nunca nos aconteceram neste tipo de exposição".
Escusando-se a entrar em pormenores, o director do Hermitage diz apenas que houve "demasiadas discussões" e "dinheiro que não chegava", "questões que normalmente correm sem percalços". Diz, por outro lado, que essa exposição - De Pedro, o Grande a Nicolau II: Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage, que esteve na Galeria D. Luís I do Palácio Nacional da Ajuda entre Outubro de 2007 e Fevereiro deste ano, com 600 obras da dinastia Romanov - "foi uma das melhores que o Hermitage já fez na Europa", mas que se viu ofuscada por questões extra-artísticas e foi maltratada, nomeadamente, pela imprensa.
"Sentimos que havia demasiados jogos políticos. Nós não temos nada a ver com isso, mas sentimos que não somos realmente desejados [em Portugal]."
As declarações de Mikhail Piotrovski surgem na sequência de uma intervenção do actual ministro da Cultura português, José António Pinto Ribeiro, que, há um mês, anunciou na Assembleia da República o cancelamento da segunda exposição do Hermitage prevista para Portugal.
Jornal Público, 19/07/08
Foto: Pedro Cunha
Texto: Vanessa Rato